terça-feira, 29 de março de 2011

Adolescente com mais de 30....

Tenho vivido aventuras divertidas nestes últimos meses. Aventuras estas que meu filho mais velho nem pode desconfiar que as vivo... com que moral irei repreendê-lo caso se lance a desventuras como as minhas quando estiver um pouco mais velho.

Até pouco tempo ainda ficava na neura das baladas. Ia, voltava, esperava algo acontecer, nada acontecia, ia embora frustrada. Ainda ia com a grinalda na mão, embora eu não percebesse.

Tudo muda quando você pára de ter essa expectativa e se entrega a viver o que tiver de ser, o que tiver de ter. "Às vezes é ir lá só pra bater bola na parede", disse sabiamente o outro dia a minha amiga. É verdade. Ninguém tem obrigação de se dar bem na balada todas as vezes. Por vezes é puro treino para tirar minhocas e fantasmas, ser cortês com os moços, e ficar atenta para quando o jogo for oficial e o gol cair no nosso colo.

Tenho vivido a adolescência de novo. Talvez, porque na minha época de adolescente eu não a tenha vivido inteira. A hora de errar, de experimentar, de se jogar. Casei aos 18, seguindo o manual da mulher-moderna. Grávida. Mal sabia eu que não estava fazendo nada demais. Continuava a seguir regras. Agora do mundo moderno. Mas eram regras. "Coitada, tão novinha..."
Por que alguém não pode encontrar seu par com 35? com 40? Porque a sociedade é muito cruel com quem escolhe esse caminho. Aliás, quem chega a essa idade solteiro e está ansioso é porque se deixou levar e não cuidou de se amar até chegar a essa idade. Agora, espera com outra alma preencher o vazio da sua...
No livro Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, André Comte-Sponville escreve "Os certinhos são como crianças grandes bem comportadas demais, prisioneiras das regras, enganadas quanto aos usos e ás conveniências. Faltou-lhes a adolescência, graças à qual nos tornamos homens e mulheres.. a adolescê cia que só ama o amor, a verdade e a virtude".
O que evolui profissionalmente, me faltou no lado pessoal. Faltou-me mais adolescência, mais amor, mais sofrimento. Poupei-me de tudo, segui as regras, segui o padrão, o clichê...
Mas nada está perdido, ao contrário. Sorte de quem se percebe e se entrega a este exercício de aprender ainda que seja a esta idade. Somos todos crianças grandes, e homens e mulheres carecem de uma adolescência emocional na tentativa de se proteger do sofrimento. Pois não existe vida sem dor, mas a geração fluoxetina não deixa.
E arrisco a dizer que isso é mais sério para as mulheres... educadas para serem certinhas, que não sejam chamadas de galinhas...
Admiro a nova geração feminina, muito mais resolvida, atrevida, atirada, que já vive experiências inclusive com mulheres em suas adolescência, apenas para experimentar e romper com os padrões que nós criamos. Claro que elas também vão errar ao transformar a transgressão em regra, e poderão se dar conta quando estiverem com mais de 30...
Mas aí elas que montem seus blogues, ou o que o futuro lhes proporcionar, para fazer sua revisão dos 30.

Bjxx

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